Reportagens

No t í c i a s BR d o B r a s i l
INVISIBILIDADE SOCIAL DOS TRABALHADORES
Os novos paradigmas existentes no mundo do trabalho de hoje instauraram, como principal característica, o termo “trabalho invisível”, que passou a ser recorrente para caracterizar tipos de ocupação, em geral com baixa qualificação, com pouco ou nenhum vínculo empregatício, em sua grande maioria temporário e que se encontra fora dos sistemas de proteção social. Esse tipo de ocupação, muito presente na informalidade, gera uma invisibilidade social pois não existem vínculos nem com o Estado nem com as instituições civis. Para Leonardo Mello e Silva,sociólogo da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania, tal fenômeno possui diversas causas e varia de acordo com os diferentes contextos em que estão inseridos. “No Brasil, os trabalhos de baixa qualificação são mal vistos, principalmente o trabalho manual, e a invisibilidade atinge de forma mais intensa esse tipo ocupação”,diz. Silva considera que a própria herança escravocrata do país remete a isso, uma vez que o trabalho pesado era uma atividade associada aos escravos. O fato de as leis trabalhistas terem sido implantadas no país tardiamente (1942) evidencia como o trabalho era considerado uma atividade mal vista, acrescenta.

Confira a reportagem na integra: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v59n3/a04v59n3.pdf
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A atriz Camila Pitanga, que vai representar uma faxineira na próxima novela das 18h, colocou o uniforme, pegou a vassoura e trabalhou na limpeza de um shopping. Ela atestou a invisibilidade do ofício. » Direitos reservados à TV GLOBO.
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Estes são depoimentos de pessoas com deficiência auditiva sobre a dificuldade de acesso às informações
da TV brasileira.



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Gente invisível
Psicólogo investiga a vida das pessoas que, ao vestir um uniforme, ganham invisibilidade – são tratadas como se não existissem

PAULA MAGESTE


Roberto Setton/ÉPOCA
ROTINA
Braga (terceiro da esq. para a dir.) na ''varreção'' com os garis, até três vezes por semana
Em novembro de 1994, o então estudante do 2º ano de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) Fernando Braga tornou-se invisível. 'Fiquei atordoado, não conseguia sentir o gosto da comida, perdi meu centro', lembra. Nem loucura nem ficção científica. Braga atingiu a invisibilidade ao vestir um uniforme de gari. Como parte de um estágio solicitado por uma das disciplinas que cursava, ele resolveu acompanhar, de duas a três vezes por semana, a rotina dos garis da Cidade Universitária - pegando no pesado junto com eles. Ao vestir calça, camisa e boné como seus colegas de 'varreção', esperava causar espanto, curiosidade ou até mesmo indignação em seus amigos, professores, companheiros de futebol e conhecidos da USP. No entanto, não conseguiu nem mesmo receber um bom-dia. 'Atravessei o andar térreo da Psicologia de ponta a ponta. Estava atento, buscava a expressão de surpresa em alguém. Mas nada acontecia', conta. 'Deixei de esperar perguntas intrigadas, mas ainda seria capaz de responder a algum cumprimento. Nada.' Os professores com quem havia conversado pela manhã passaram por ele e nem perceberam sua presença. Não é que tenha sido ignorado, menosprezado, rejeitado. Pior: nem foi visto. Era como não estar lá; como 'não ser'.
O mal-estar experimentado por Braga jamais o abandonou. Ele passou os nove anos seguintes trabalhando com os garis da USP e transformou em tese de mestrado o indigesto tema da 'invisibilidade pública' - o desaparecimento de um homem no meio de outros homens. Concluída em 2002, a tese agora vira livro lançado pela editora Globo.
TÍTULO
Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social
AUTOR
Fernando Braga
EDITORA
Globo
PÁGINAS
282
Ironicamente, o psicólogo ganhou visibilidade falando da invisibilidade, que, segundo ele, está relacionada à divisão social do trabalho e afeta até mesmo quem não é totalmente excluído economicamente. Ela seria uma espécie de cegueira psicossocial, que elimina do campo de visão da maioria da população aqueles que são condenados a exercer uma atividade subalterna, desqualificada, desumanizante e degradante o dia inteiro, às vezes uma vida inteira. É uma situação diferente da contada pelo escritor americano Ralph Ellison, que nos anos 50 lançou seu romance O Homem Invisível. Ellison, negro, contava a história de um descendente de escravos que ao percorrer os Estados Unidos descobriu apenas que, por ser negro, era ignorado - segundo ele, algo muito pior que ser confrontado ou desprezado. Braga mostra que, independentemente do preconceito racial, o preconceito social também é tão incrível que leva a simplesmente apagar pessoas do campo de visão. 'Nem na Suécia uma criança é incentivada pelos pais a ser gari, faxineiro ou coveiro', provoca. 'Não tem a ver com salário, mas com a simbologia.'
Todo o mundo se sente invisível em algum momento da vida - numa festa de gente de outra tribo, no emprego novo em que não se conhece ninguém. Mas essas são outras invisibilidades, circunstanciais, e portanto passageiras, reversíveis. O estudo de Braga é sobre uma invisibilidade tão automatizada na sociedade que muitas vezes nem mesmo o ser invisível se dá conta de sua degradante situação. 'Se ele percebe, carece de armas para o combate. Depois de ser ignorado a vida inteira ou, no máximo, maltratado, ninguém anda de cabeça erguida.'
Roberto Setton/ÉPOCA
'No dia em que fiquei invisível, perdi o centro, não conseguia sentir o gosto da comida. Isso não passa nunca, só piora'
FERNANDO BRAGA

psicólogo
De fato, na maioria das vezes, o gari que limpa nossa cidade só é notado quando falta ao serviço. O ascensorista é tratado como uma máquina que funciona por comando de voz, sem direito a 'por favor' nem 'obrigado'. A empregada doméstica põe o avental, alimenta a família e deixa a casa organizada anos a fio, mas os patrões mal sabem seu sobrenome, se tem filhos, se está com algum problema. Os únicos cidadãos que vestem uniforme para servir aos outros e ganham visibilidade e reconhecimento são os que estão em situação de poder sobre o interlocutor - médicos, enfermeiros, policiais. 'Algumas profissões estão num nível de rebaixamento absoluto', reforça Braga. 'As pessoas estão habituadas a passar pelos garis como quem passa por objetos', assinala.
Nilce de Paula, mineiro de 61 anos, confirma. Desde que chegou a São Paulo, aos 18 anos, trabalhou em bar, restaurante, fez salgadinhos para vender, foi ascensorista - de terno e gravata, orgulha-se - e carregou contêineres de veneno. Já tinha experimentado o preconceito racial, mas a indiferença mesmo só conheceu quando virou gari. 'Às vezes estou trabalhando na avenida e passa uma pessoa. Mesmo que ela não me cumprimente, eu cumprimento, porque um bom-dia não custa nada', afirma. 'O pior é quando os carros quase passam por cima da gente, sem nem tentar desviar. A gente tem de trabalhar de frente para a avenida e se cuidar.'
A invisibilidade pública vem sempre na companhia da humilhação social, o sofrimento pelo rebaixamento político, social e psicológico experimentado continuamente por cidadãos de classes D e E. O conceito é recente e foi cunhado por José Moura Gonçalves Filho, orientador de Braga. Afeta o raciocínio, a visão e o afeto de quem é discriminado. 'O invisível não tem voz, seu discurso não é levado em conta, sua opinião sobre o mundo não importa. Ele aparece apenas como ferramenta', diz o psicólogo. Funcionária de uma empresa terceirizada de limpeza, a baiana Sônia Aragão, de 34 anos, veio para São Paulo em 1996, depois de ter passado pela lavoura, por restaurantes e casas de família. Ter de usar uniforme foi um choque: 'Tem gente que passa reto e faz de conta que não me vê. Eu mesma me sinto estranha com esta roupa, porque parece que não sou eu. Quando não estou de uniforme, pelo menos as pessoas me olham, mesmo que não falem comigo', diz.
Otávio Dias de Oliveira/ÉPOCA
'Eu me sinto feia de uniforme. Quando estou de roupa, pelo menos as pessoas me olham, mesmo que não falem comigo'
SÔNIA ARAGÃO,
34 anos, funcionária de firma de limpeza
'Eu cumprimento mesmo que a pessoa não me olhe. Deve ser alguma revolta. Um bom-dia não custa nada'
NILCE DE PAULA,
61 anos, gari

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Olhos Invisíveis - Revista On line

Premiado com o primeiro Programa de Fomento à Dança de São Paulo, o projeto Olhos Invisíveis, do grupo P.U.L.T.S. (sigla para a expressão Por Um Lugar Tão Sonhado), dá oportunidade para jovens  interessados em ingressar na carreira artística. Tendo como produto final um espetáculo de dança contemporânea (que estréia no dia 3 de maio, na Galeria Olido), o projeto começou com um trabalho de pesquisa e, na segunda fase, foram oferecidas oficinas culturais gratuitas na Casa de Cultura da Penha, na Zona Leste de São Paulo.
“O trabalho do P.U.L.T.S. sempre teve uma contrapartida social. Com esse não é diferente. Nosso espetáculo e o mote do projeto é o que se torna invisível para a sociedade e que se perde por causa da massificação. Seria incongruente falar sobre o assunto, dar algumas oficinas e não oferecer nada em troca”, explica Charles Raszl.
Leia a matéria completa : http://www.revistainonline.com.br/ler_noticia_cultura.asp?secao=10&noticia=1164

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